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  • DeCo Nascimento & Tatiana Travisani

    Intimate Topographies (Topografias Íntimas): o projeto de DeCo e Tatiana está baseado em caminhadas diárias para coletar todo tipo de material que possa fazer emergir a paisagem sonora local. Como um ponto de partida para suas composições audio-visuais, serão oferecidas oficinas de mapeamento, onde os habitantes locais falarão sobre seus itinerários diários, transformando-os em mapas cognitivos correlacionados a desenhos topográficos com o objetivo de converter estes mapas em diferentes mídias. Estão previstos múltiplos resultados, tais como a composição de uma instalação multimídia e uma performance audiovisual, que deve acontecer posteriormente nos eventos Fazenda Aberta.” Texto Júri

    http://www.classicosdecalcada.net

    “(..) Tatiana Travisani e De Co Nascimento também apostaram na escuta como um dos pilares de seu trabalho, e pelo abraço destas perturbações como parte de sua força vital. Se o ponto de partida do projeto teve a ver com a utilização de mapas já existentes que davam conta da região (apesar de que, como todo mapa, de modo parcial), um dos focos principais apontou para a criação de outras cartografias que, longe de procurar uma codificação universal do espaço, habilitaram a inscrição dos trajetos afetivos, de lembranças, de marcas pessoais (e coletivas), que inscreveram saberes e desejos de seus habitantes no entorno deste território. Por sua vez, estes mapas e registros foram traduzidos em marcas visuais através da forma de pequenas perfurações ao longo de cintas de papel, para serem logo transformadas em melodias tocadas por caixinhas de música.

    Por um lado, este processo habilitou a possibilidade de superar a percepção dos mapeamentos e as cartografias como práticas meramente ancoradas na visualidade, e a considerar como soa um território – e não somente como se vê. “Ouvir com os dedos, as costas ou com queixo, ver com os pés, tatear ruídos com as articulações, como valorizar esta mobilidade transeunte?” 2. Por sua vez, parece-me chave destacar que estas ações buscaram também envolver-se com uma escuta do espaço que pudesse abrir-se ao coletivo – em oposição a uma suposta individualidade da experiência de um território. Mais além inclusive da construção de uma composição coletiva com as melodias desenhadas pelxs participantes das oficinas (que foram organizadas para eles nos eventos Fazenda Aberta), grande parte do processo sustentou-se nos saberes e percepções compartilhados pelxs moradorxs do lugar, e ao ensaiar modos através dos quais estes pudessem unir-se em um conjunto aberto – em oposição ao conceito de mapa como a imposição de um poder hegemónico, unívoco e vertical, que muitas vezes condiciona a experiência de um território, mesmo antes de haver-lo percorrido.

    Mesmo que a artista prefira não referir-se a idéia de tradução para conceitualizar seu trabalho (..)”

    fragmento do texto “Processos de escuta em LabRes rural.scapes
    de Mariela Cantú – crítica em residência.